25 de dezembro de 2011

Pais subestimam o uso do álcool e drogas pelos filhos

Quando o assunto é drogas e álcool na adolescência, a maior parte dos pais prefere acreditar que o problema existe, mas com o vizinho, e não com os próprios filhos. Isso é o que sugere um novo estudo norte-americano, que descobriu que a maior parte dos pais crê que mais da metade dos adolescentes ingerem álcool – mas eles não incluem os próprios filhos nessa estatística.

Apenas 10% dos pais acreditam que os seus filhos ingeriram álcool no último ano, e 5% acham que seus filhos adolescentes fumaram maconha nesse período.

Esses números reduzidos contrastam com a realidade, já que um levantamento recente mostrou que 52% dos adolescentes pesquisados relataram ter ingerido bebidas alcoólicas e 28% afirmaram uso de maconha no último ano. Essa pesquisa foi realizada com cerca de 420 escolas públicas e privadas de ensino médio e ensino fundamental dos Estados Unidos, o que forneceu uma representação bastante precisa dos estudantes de diferentes níveis no país.

Mas enquanto os pais parecem acreditar que seus filhos estão longe das drogas e do álcool, eles certamente não acreditam que os colegas de seus filhos são tão inocentes assim. De acordo com o estudo, 60% dos pais afirmaram que acreditam que colegas de seus filhos beberam álcool e 40% crê que eles usaram maconha no último ano.

O quadro que indica que os pais esperam que os problemas com drogas e álcool não acontecerão dentro de casa mostra a necessidade de conscientização sobre o uso dessas substâncias na adolescência. A sugestão dos pesquisadores é a de que os pais abordem o assunto com os filhos adolescentes de uma forma não ameaçadora, e que falem com eles sobre a importância de resistir à pressão negativa dos colegas.

Os pesquisadores também sugerem que os pais acompanhem a vida dos filhos e procurem sinais do uso dessas substâncias. Mas sem exageros: se os pais descobrirem que o filho já passou por uma experiência do tipo, a oportunidade deve ser aproveitada para conversar com os adolescentes, e não para puni-los. O mais importante é sempre o diálogo e o jogo limpo – tanto da parte dos pais quanto dos filhos.
Autor: 
OBID Fonte: HYPE SCIENCE

Entrevista com Padre Haroldo Rahm - Prevenção e Tratamento do Uso de Drogas



Parceiro da Senad, o reverendo de origem americana conta sobre sua trajetória e seu envolvimento em grandes projetos nas áreas de prevenção e tratamento do uso de drogas, além de reforçar a importância da espiritualidade na vida do dependente.

1 - Quando e como foi o primeiro contato do sr. com jovens em situação de vulnerabilidade associado ao consumo de drogas?

Comecei em El Paso - Texas em 1952 quando fundei o "Our Lady Youth Center". Em 1964, um dos meus sucessores conseguiu que nosso centro se tornasse um destaque internacional. Pouco tempo depois, escrevi um livro para a Universidade do Texas sobre esta entidade e o apostolado com “Gangs”. Este foi republicado recentemente, em 2005. Chegando em Campinas - Brasil, continuei o que tinha aprendido com a experiência em El Paso com vítimas de substâncias psicoativas.


2 - O senhor utiliza a religião como um dos pilares no tratamento da dependência química. Em sua opinião, qual o papel da espiritualidade na vida do dependente e dos familiares dele?

No começo do tratamento, nenhuma religião é um pilar para o dependente de substâncias químicas. Geralmente nem o dependente, nem os familiares praticam uma Fé seriamente. Ainda assim, qualquer pessoa que não seja ateu, possui uma certa espiritualidade. No Brasil, apenas 10% das pessoas que afirmar pertencer a uma igreja, praticam essa religiosidade. Destes, podemos dizer que 2% praticam bem.
Há quem diga que 25% dos brasileiros são católicos; 25% são crentes e 50% nem sabem o que são. Apesar disto, para o dependente conseguir perseverar, é necessário que este possua alguma espiritualidade. 
Neste caso, poderiam ser adotados os Doze Passos de A.A (Alcoólatra Anônimos) e N.A (Narcóticos Anônimos), por exemplo. Também pode ser um movimento religioso como o TLC (Treinamento de Liderança Cristã) cujo membros não necessariamente vão à uma Igreja. 


3- No caso de jovens que afirmem não possuir nenhuma convicção religiosa, qual a diferença principal no trabalho de tratamento da dependência de álcool e outras drogas?
Como regra geral, nenhum jovem que é dependente tem uma séria convicção religiosa. Por isso, quem dirige obras, como eu vejo, deve usar um tratamento multi-disciplinado. Quer dizer: profissionais, ex-dependentes recuperados e bons voluntários. Quem só ensina religião perde muitos pacientes porque quando estes enfrentam alguma dificuldade, acabando deixando de lado a religião e tendo uma recaída, Em muitos casos, esta recaída é para sempre. 


4 - Em 2003, foi fundada dentro de sua clínica a Equipe Florescer. Esta responde pelas demandas externas da instituição, com profissionais treinados para ir até o local onde se encontra o dependente. Para o dependente químico, qual a importância da oferta de um tratamento desvinculado a imagem de um órgão de saúde?
Dependentes não gostam de profissionais, nem da polícia e nem de autoridades. É bom para um profissional encontrar um dependente no seu local sem mostrar que é um profissional. É o amor e a atenção que conquista.

5- Em suas orientações sobre a prática da Ioga cristã, o senhor refere-se a prática da oração com o corpo em harmonia com o universo. Como o senhor acredita que a prática de exercícios baseados no auto-contato e no auto-conhecimento podem auxiliar no tratamento de pessoas com problemas relacionados ao uso de drogas?
Educação física, futebol, exercícios, andanças, corridas, Yoga e Yoga Cristã ajudam as pessoas física e psicologicamente. Certos psiquiatras hoje, ao invés de tratar um doente no sofá, tratam andando. Para o dependente é muito mais fácil pensar e rezar andando do que sentado muito tempo em um lugar. Por causa do nervosismo, o paciente tem dificuldade de permanecer em silêncio e paz. Usamos a Yoga Cristã para ligar idéias espirituais esticando as mãos e as pernas. O doente usa a mente mais facilmente quando está movimentando seu corpo. 

6- Em sua clínica, o Sr. divide o processo de tratamento dos pacientes em três etapas. A Espiritualidade, a Laborterapia e a Conscientização. Como é feita a adaptação dos três projetos em pacientes de religiões distintas?
Em primeiro lugar estou convicto de que as pessoas que estão em nossa obra não têm qualquer espiritualidade formal. Procuramos ensinar lentamente a ética, a moralidade e as idéias que estão escritas no coração de cada pessoa, por exemplo: os dez mandamentos e o desejo de fazer bem. 
A Laborterapia é muito fraca porque a fisionomia do doente não permite que ele trabalhe bem. Já a Conscientização é mais fácil porque envolve apenas conversas dos profissionais e recuperados com uma pessoa que em alguma maneira, deseja viver sóbrio. Com o tempo, estes três processos começam a funcionar bem. Por esta razão é bom que o doente fique alguns meses em tratamento.

7- O Sr. apresenta hoje na televisão o Programa In-Dependente. Como o Sr. acredita que a mídia pode ajudar na prevenção ao uso indevido de drogas?
Acredito que a doutrina ajuda. Estatísticas internacionais mostram que 78% das pessoas estão curadas na família. Outras 75% pela espiritualidade e mais 50% pela instrução. Essas estatísticas são dicas para nos ajudar. Falam sobre aqueles que são curados. 
A televisão neste sentido é uma fraca instrução porque nenhuma pessoa presta atenção a um programa sobre álcool e outras drogas se não viver o problema na família. Por outro lado, a televisão mostra lugares onde um dependente poderia procurar ajuda. Por si só, a TV não tem nenhum poder de cura. 

8 - Os princípios utilizados no movimento "Amor Exigente" tem em comum o foco na família. Qual a principal contribuição que os pais podem ter na recuperação de um filho dependente químico? 
Os princípios do Amor Exigente por si só curam muito poucos. O que é importante é a reunião onde pessoas com os mesmos problemas possam dialogar seriamente e aprender que eu não sou o único que apresento esse problema na família.
União, amor e honestidade são as idéias que são fortes no Amor Exigente. Como Alcoólatras Anônimos e Narcóticos Anônimos, Amor Exigente não tem fins lucrativos. Quem pertence, mantém o Amor Exigente e só perde dinheiro. Onde não tem interesse financeiro, as coisas funcionam bem. “Bem aventurados os pobres porque dele é o reino de Deus”.

9 - Nascido no Texas, o Sr. teve a oportunidade de conhecer diversos países e diferentes maneiras de abordagem em relação ao tratamento de dependentes químicos. É possível afirmar que a religião tem um papel de igual importância em distintas sociedades, independentemente da cultura?
Não existe uma religião distinta da cultura. Por muitos anos viajo em todos os continentes do mundo, exceto a África. Sendo um sacerdote Católico, eu presto muita atenção às religiões e às suas idéias espirituais. Qualquer doutrina de Budismo, Hinduísmo, Islamismo e Cristianismo ajudam o dependente. Uma palavra poderia dar um despertar espiritual que quer dizer “abrir os olhos”. Em cada missa o Católico fala “Dizei uma só palavra e serei salvo”. Em maneiras diferentes, para todas as divisões das religiões, uma palavra basta.

10 - Recentemente, a cidade de Campinas foi escolhida como a primeira cidade do Brasil a desenvolver um novo projeto com a Organização das Nações Unidas (ONU) para a capacitação de profissionais para atendimento e tratamento de dependentes de álcool e outras drogas. O Sr. acredita que uma capacitação adequada destes profissionais pode ajudar na redução do número de internações em clínicas e centros de saúde?
De maneira geral, as instruções ajudam os profissionais. Por isso temos a Senad e todos os seus livros e publicações, dentre eles o “Fé na Prevenção”. As faculdades instruem psicólogas, assistentes sociais, etc. É claro que Treatnet da ONU ajuda. Quem trabalha com a “chamada” doença de álcool e outras drogas deve ter um treinamento semelhante ao de um médico, que estuda para tratar doenças físicas. Tudo isso reduz o número de internações em clínicas e centros de saúde. 

11- Por seu trabalho na área de tratamento e reinserção de dependentes químicos o Sr. recebeu prêmios nacionais e internacionais, o ultimo deles o título de personalidade hor concours, concedido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Para o Sr. qual a importância deste reconhecimento?
Fiquei muito honrado por receber o prêmio “Hor Concours” concedido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. É bom ouvir uma pessoa falar “Parabéns”. O mais importante é que um órgão como a Senad reconhece o nosso apostolado como um serviço que ajuda nossos amigos e outras pessoas a viverem bem com a sua família, seu trabalho, sua pátria e Deus. 
Termino dizendo obrigado por me dar a oportunidade de responder as suas perguntas. Pode usar as minhas idéias na maneira em que quiser. O que escrevo é a minha opinião e não necessariamente a realidade.


Haroldo J. Rahm, SJ
Autor: SENAD 
OBID Fonte: SENAD

Álcool é mais prejudicial do que heroína e crack

Em 2010, os hospitais britânicos registraram um recorde de internações por causa da bebida

Um estudo da Inglaterra concluiu que o álcool causa mais danos a seus usuários do que os consumidores de heroína e crack. O álcool também é três vezes mais prejudicial do que a cocaína e o tabaco porque é usado de forma mais ampla.

Na ordem dos danos causados à saúde, ficam classificados como mais danosos o álcool, a heroína e o crack. O LSD e o ecstasy foram considerados os menos danosos.

Os cientistas envolvidos no estudo chegaram a conclusão de que é preciso ser mais severo no que é considerado o nível seguro da ingestão de álcool. Segundo eles, é preciso evitar a prática regular do consumo de bebida, conscientizando a população sobre os riscos que ela envolve.

Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Uma em cada dez grávidas fuma, diz estudo feito em SP

Médicos afirmam que conscientização sobre riscos à saúde do bebê não é suficiente para que elas larguem o vício

Mãe conta que evitava fumar na rua durante a gravidez, por vergonha, mas mesmo assim não parou com o cigarro

Folha de São Paulo - MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO
Elas podem estar carecas de saber dos males que o cigarro pode causar no bebê, mas não adianta. Segundo uma pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, uma em cada dez grávidas fuma.

Os dados foram obtidos a partir de entrevistas com cerca de 5.000 mulheres que deram à luz na maternidade estadual Interlagos, na zona sul da capital paulista.

Para Roberto Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o índice é considerado alto por causa da gravidade dos danos que o fumo na gravidez pode causar para a gestante e para o bebê.

Entre os riscos estão baixo peso, parto prematuro, aborto e menor desenvolvimento do sistema nervoso central, o que pode significar retardo psicomotor.

Hoje, no Brasil, 12,7% das mulheres fumam, segundo a pesquisa Vigitel 2010, do Ministério da Saúde.

Segundo o pneumologista, a prevalência média nacional de grávidas fumantes é semelhante à do levantamento feito em São Paulo, mas há diferenças regionais.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, esse índice chega a 23% em algumas cidades. No Canadá, a média é de 10%.

DEPENDÊNCIA

Rita de Cássia Silva Calabresi, diretora clínica da maternidade estadual Interlagos, diz que a conscientização sobre os malefícios do cigarro nem sempre é suficiente para o abandono do vício.

"Consciência todas têm, mas parar de fumar não é só força de vontade. Se a gestante recebe apoio dos médicos, sente-se mais forte para deixar o cigarro", diz Calabresi.

Stirbulov afirma que a intervenção, apesar de não ser fácil, deve ser proposta.

"Há medicamentos que podem ser usados, como o adesivo de nicotina. Não é que não faça mal, mas é melhor que o cigarro e combate a síndrome de abstinência."

Início precoce do fumo, baixa escolaridade, fumo pesado e exposição ao cigarro em casa ou no trabalho aumentam a chance de a mulher continuar a fumar durante a gravidez.

A empresária M. B., 29, de São Paulo, fuma desde os 15. Tem duas filhas, de três anos e outra de dez meses, e fumou durante as duas gestações.

"Quando engravidei, tentei diminuir, mas não pensei em parar. Tinha certeza de que não ia conseguir."

Ela disse que sabia dos riscos e conversou com a sua médica, que liberou até cinco cigarros por dia, caso não conseguisse parar.

"Eu fumava de sete a dez cigarros por dia. As pessoas olhavam estranho para mim. Eu até evitava fumar na rua, por vergonha", conta.

Stirbulov, porém, afirma que a redução do número de cigarros por dia não é uma boa estratégia, a não ser que faça parte de um plano de cessação completa do fumo.

"A pessoa pode ir reduzindo e marcar uma data para parar de vez. Quem simplesmente reduz logo volta para o número inicial de cigarros."

Os especialistas acreditam que as campanhas antifumo deveriam incluir as grávidas.

"Tem gestante que não para de fumar por medo de engordar. Infelizmente, fala-se muito pouco dos prejuízos do fumo e do álcool na gravidez", diz o médico.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

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